Ivete Sangalo: o dilema de seus horários nos grandes festivais
- Arthur Líbero
- há 11 minutos
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Por Arthur Líbero
Ivete Sangalo é, sem dúvidas, uma das cantoras mais queridas e populares do Brasil. Em 30 anos de carreira, conquistou o público não apenas pelo talento artístico, mas também pelo carisma contagiante. Não à toa, ela é presença constante nos principais festivais do país e sempre aparece em posições de destaque. Na segunda edição do The Town 2025, em São Paulo, não será diferente: a baiana subirá ao palco Skyline, o principal do evento, durante a segunda semana de shows.
Um feito inédito no The Town
O que chama atenção neste ano é um feito inédito: Ivete será a única artista brasileira escalada para um dos horários nobres do maior palco do festival e seu show terá uma duração maior que as demais atrações nacionais e internacionais do mesmo dia. Ela se apresentará no penúltimo horário, logo antes de Mariah Carey, headliner da noite de 13 de setembro. Ou seja, na prática, a baiana ocupará a posição de co-headliner do palco principal — posto que nunca havia sido ocupado por nenhum outro artista nacional nem no The Town nem no Rock In Rio.
Curiosamente, essa não era a programação original. O palco Skyline terá quatro atrações, e Ivete, inicialmente, se apresentaria às 18h10, sendo a segunda da noite. O show seguinte seria de Jessie J, mas, a menos de um mês para o início do festival, houve uma troca: a baiana trocou com a cantora britânica, assumindo um dos postos principais. Mesmo assim, é inusitado o fato da brasileira ser a única a não abrir o palco Skyline, já que todos os outros nomes nacionais que tocam no palco principal assumem o posto e possuem apenas 60 minutos de show quando o dia ainda está ensolarado na Cidade da Música. No dia 13, quem irá abrir o palco será a cantora inglesa Natasha Bedingfield.
Veja a programação do palco Skyline no dia 13 de setembro:
15:50 - Natasha Bedingfield
18:10 - Jessie J
20:30 - Ivete Sangalo
23:30 - Mariah Carey
O histórico que explica a “promoção”
A escolha não parece ter sido apenas uma deferência ao status de Ivete por ser a artista que mais se apresentou no Rock In Rio - evento "irmão do Existe um histórico que ajuda a explicar a decisão. O tempo de show no festival passou a ser curto para a cantora e ela, frequentemente, ultrapassa os 60 minutos reservados, chegando a se apresentar por até 1h20 depois do tempo marcado para concluir a performance.
Isso acontece porque seus shows são estruturados em diversos sets, e cada um possui muitos hits de diferentes fases da carreira:
Bloco carnavalesco, com “Arerê”, “Só Love na Cabeça” e “Levada Louca”;
Hits recentes, como “Macetando”, “Tá Solteira Mas Não Tá Sozinha” e “Cria da Ivete”;
Momentos mais swingados, com “O Doce” e “A Galera”;
Baladas românticas, como “Quando a Chuva Passar” e “Se Eu Não Te Amasse Tanto Assim”;
Sucessos obrigatórios: “Tempo de Alegria”, “A Festa”, “Sorte Grande” e “Acelera Aê”.
Com tantos hits, o setlist precisa ser cuidadosamente montado e cabe a cantora e sua banda o enorme desafio de fazer a seleção de músicas que vão entrar dentro do tempo previamente estipulado pela produção do festival. Tempo esse que ainda precisa levar em consideração as famosas interações da cantora com o público, que aproximam o espetáculo da platéia, mas que alongam naturalmente a duração do espetáculo.
Estratégias para ajustar o tempo
Ciente dessa característica, a produção do Rock in Rio e do The Town tem adotado estratégias para “acomodar” os shows de Ivete. Em 2024, por exemplo, quando celebrou seus 30 anos de carreira no Palco Mundo, ganhou 1h30 de duração, mesmo abrindo o dia dos Jonas Brothers. Na edição carioca do mesmo ano, recebeu 20 minutos extras.
Outra medida tem sido escalar artistas de shows mais curtos próximos ao horário dela, evitando que eventuais atrasos comprometam a grade. Em 2024, por exemplo, a cantora sul-africana Tyla se apresentou logo após Ivete, no Sunset, com apenas 40 minutos de show. Já neste ano, Natasha Bedingfield fará a abertura do Skyline antes da baiana, e costuma entregar performances com de cerca de 50 minutos em festivais.
Entre a pressão do tempo e a força do repertório
O dilema de Ivete é claro: como condensar três décadas de carreira, dezenas de hits e a energia de um espetáculo interativo dentro do tempo padrão de um festival? A “promoção” no The Town 2025 parece ser a resposta encontrada pelos organizadores: dar à cantora mais espaço e flexibilidade, reconhecendo seu peso histórico e o desafio de equilibrar show, público e relógio.
Foto Capa: reprodução/iBahia
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